segunda-feira, 23 de março de 2009

Vá ao maracanã e saia do Brasil

Ir ao Maracanã é pedir para acreditar um pouco menos no Brasil. Não há nada ali sinalizando que nosso país algum dia irá para frente. Quando você vai ao "templo do futebol" (se o templo dele é assim, imagina a "casa do futebol". Deve ser uma cabana no Maranhão) se lembra daquilo que tenta esquecer a cada segundo: vamos ficar atolados na merda a vida inteira. Na pátria do "farinha pouca meu pirão primeiro" o avanço não tem vez.

Na fila você já vê o que vem pela frente. Apesar do esforço hercúleo do governo para ordena-la através de grades de ferro, as pessoas buscam freneticamente formas de driblar o sistema e conseguir chegar lá na frente sem esforço. Vi pessoas furando no estilo "joão-sem-braço" tradicional, quando o sujeito apenas entra na sua frente e fica parado com cara de que nada aconteceu, e outros mais elaborados que achavam brechas entre as grades de ferro. O PM era obrigado a fazer serviço de inspetor de escola que cuida da fila da cantina para o pedrinho não passar na frente da mariazinha.

Dentro do estádio as cadeiras verdes já estavam lotadas e tive que ver o jogo todo sentado na escada. Comer ou beber alguma coisa era impossível, porque os poucos vendedores cadastrados mal conseguiam andar pelas arquibancadas. Para proibir que cada um estabeleça um preço para seu produto, a tabela vem estampada na camisa dos ambulantes. Cheguei ao extremo de ver que um deles andava com o isopor na frente da roupa e cobrava um real a mais pela bebida. Assim como no caso dos fura-filas, ele se achava malandro o suficiente para se dar bem às custas de todo mundo.

Depois de passar por esta experiência acho no mínimo irônico perceber que o brasileiro considera-se um povo "bom", "trabalhador", "honesto". Mais impressionante ainda é ver todo mundo malhando os políticos por serem corruptos. Os políticos apenas fazem o que todos nós, malandros, fazemos, só que tem nas mãos quantias e máquinas muito maiores.

O regime é representativo, não é? Então como um povo que fura fila e cobra um real a mais no refrigerante quer que seus representantes sejam símbolos de honestidade?

Cada país tem os castelos que merece.

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