sexta-feira, 17 de julho de 2009

Era Obama


A moda era Obama, agora não é mais. O governo dele será irrelevante. Ninguém vai querer saber. Eu não vou, minha mãe não vai, você não vai. Obama foi eleito para ser eleito, não para governar. Ele é um dos políticos cuja força simbólica de sua eleição já basta e seu governo acaba não sendo mais do que um mero complemento de todo processo que o levou ao posto.

Se eu perguntar sobre Nelson Mandela para vinte pessoas, por exemplo, todas saberão que foi presidente da África do Sul. Já se eu perguntar às mesmas vinte sobre o seu governo, acho difícil que alguém saiba uma vírgula sobre sua política social ou econômica. O significado de Mandela foi ter sido o presidente negro de uma nação racista, e dane-se seu governo.

Com Obama será a mesma coisa. Daqui a vinte anos sua administração terá sido esquecida. Obama não tem margem de manobra. Se não mudar nada, será execrado pela opinião pública. Se mudar muita coisa, a pistola da extrema-direita dispara, e eis um novo Kennedy. O que ele fará será se equilibrar no fio da navalha e promover as mudanças óbvias.

Os EUA vão sair do Iraque? Claro. Não há mais condição política para permanecer lá. Os EUA vão superar a crise? Claro. A crise não é do tamanho que se imagina e o capitalismo já se mostrou capaz de superar entraves muito maiores. O consumo de petróleo diminuirá nos EUA? Não. Só quando o petróleo secar, mas como sempre o ser humano vai inventar um jeito de driblar os problemas ambientais. As questões de vanguarda, como casamento gay, vão ganhar espaço? Claro. Não se pode parar o trem da história.

Esses são os principais pontos do governo Obama. O que ele terá a ver com o desenrolar deles? Nada. Seu governo já está escrito.

Obama foi eleito para ser eleito, não para governar. Pois bem: já cumpriu seu papel na história. Se ele tentar interromper o fluxo natural das coisas, terminará na bala e virará mito. Se ligar o piloto automático, terminará no Nobel. Essa é a sua grande – e única – escolha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário