sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tá o maior bafafá!


“Tá o maior bafafá”. Essa foi a definição de uma amiga para a briga que se desenrola entre a Globo e a Record. E o bafafá tá forte mesmo. A graça é que o foco da disputa deixou de ser a audiência e descambou para o lado da moralidade. A Globo acusa a Record de lavar dinheiro da Igreja Universal (oh!) e a Record acusa a Globo de monopólio (oh!), de se apropriar do dinheiro público (oh!) e de usar seus programas com fins políticos (oh!). No fim das contas, o sujo aponta para o mal lavado e a gente se diverte um bocado.

A rixa entre Globo e Record tem raízes profundas. A emissora carioca foi fundada em 1964 (ô ano glorioso!) e amargou dois anos de muitos prejuízos e pouca audiência. Em 1966, perto de fechar as portas, a emissora adotou uma programação baseada em jornalismo e telenovelas, conseguindo consolidar-se como líder de audiência. A liderança foi roubada justamente da TV Record, até então a maior emissora do Brasil.

Nas décadas de 70 e 80 a Globo viveu uma era de ouro. Vendeu a alma para o diabo e funcionava como sustentáculo do regime militar, ganhando em troca os benefícios da expansão da rede de telecomunicações pelo território nacional, uma das prioridades da ditadura. Devido a essa posição política altamente favorável, fazia o que estava ao seu alcance para massacrar as concorrentes. Conseguiu afogar a TV Tupi e a TV Paulista, mas a Record sobreviveu agonizando. Vendido em partes para o Grupo Sílvio Santos, em 1972, o canal chegou aos anos 80 na UTI, com pouquíssima audiência e quase nenhuma programação própria.

No começo da década de 90, veio a virada. A Record foi integralmente vendida para o empresário-bispo(-e sabe deus mais o que) Edir Macedo. O cordeiro de deus promoveu a lenta reestruturação da emissora, lavando nela os muitos milhões que suas igrejas arrecadavam sob forma de dízimo. Turbinada, a wash machine Record retomou o posto de segunda maior emissora do Brasil, e se preparou para a guerra contra a Globo, que embora líder já não era mais o furacão dos tempos militares.

A disputa que vem fazendo barulho nas últimas semanas já ocorria como guerra fria há tempos. A Record tirou da Globo os direitos de transmissão das Olimpíadas de 2012 e fez uma oferta pelo Campeonato Brasileiro que, dizem, chegou a dobrar a da concorrente, e só não foi aceita por questões políticas.

Aproveitando-se da denúncia do Ministério Público contra Edir Macedo, a Globo resolveu iniciar oficialmente as agressões na segunda, dia 10/8, dando amplo destaque à ação no noticiário. A Record não demorou a responder. Na sexta-feira, dia 14/8, organizou uma vigília de milhares de fiéis pelo Brasil inteiro “contra os ataques injustos da Globo contra a Record e contra a igreja Universal”. No domingo, fez um Record Repórter inteiro sobre os podres da Globo.

Essa briga ainda está no começo, e muitas agressões virão. Nós, telespectadores, ainda nos divertiremos muito com tudo isso. É óbvio que a Globo é picareta, que a Record lava dinheiro e que tudo vai acabar em pizza. O que não se sabe é como se comportarão pós-pizza as duas emissoras de ponta: se buscarão audiência com programação inovadora e de qualidade ou se apelarão pras “táticas superpop”. Resta a nós torcemos para que dê a opção A. Mas que tá o maior bafafá, tá!

Nenhum comentário:

Postar um comentário