sábado, 12 de setembro de 2009

Quantos Tim Maias cabem em 100%?


Não faz muito tempo, ouvia por tabela a Rádio Globo que entretinha minha empregada. Entre uma e outra atração de altíssimo nível do programa do Haroldo de Andrade, foi divulgado o resultado de uma pesquisa que a própria rádio havia feito sobre honestidade. Pouco mais que 70% dos entrevistados responderam que denunciariam caso fossem informados sobre um esquema de corrupção.

Me senti o pior dos seres humanos. Eu não apenas compactuo com casos de corrupção como sou um corrupto incorrigível. Durante todo período da faculdade xeroquei sem dó textos e mais textos acadêmicos. Nunca paguei um só centavo aos autores, um absurdo! Na pelada que jogo semanalmente, os poucos reais que pago destinam-se a subornar o responsável por tomar conta da quadra, uma vez que a peleja ocorre infringindo algumas regras. Outra mamata da qual não abro mão é comprar ingresso como se fosse estudante para pagar meia, mesmo já tendo me formado há mais de um ano.

Minha agonia por ser um picareta numa terra de tão ilibados cidadãos só cedeu quando constatei que não estou só, uma vez que ao meu redor a picaretagem está disseminada. Sei de flanelinha que transformou triangulo de sinalização em estacionamento, de fraude em licitação e também de uma turma forte que se esforça pra sonegar o que consegue e o que não consegue de impostos. Além disso, tem amigo envolvido com bicho, com xerox ilegal de livros, com falsificação de carteira de estudantes, com drogas e com esquema de compra e venda irregular de bebidas. E no meio de toda essa máfia, eu, caladinho da silva, não denuncio nada.

Pensando melhor, não sei onde estão essas pessoas que afirmaram na pesquisa que denunciariam um esquema de corrupção caso soubessem. Preciso descobrir logo quem são esses nobres brasileiros para perguntar como eles conseguem viver em um país em que a corrupção é regra, mas mesmo assim mantém a postura e denunciam tudo que vêem de errado. Creio que no fim das contas chegarei a seguidores da filosofia de Tim Maia, que quando perguntado sobre drogas respondia: “Não fumo, não bebo e não cheiro. Só minto um pouquinho”.

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