quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Oh! Que novidade!


Esta semana a Prefeitura e a empresa Sertell resolveram suspender o Pedala Rio. Não sabe o que é isso? Eu também não sabia. Tratava-se de um sistema de aluguel de bicicletas públicas. O usuário ia a um dos bicicletários, destravava o veículo, usava-o até outro bicicletário e pagava uma quantia módica. Tudo muito inteligente, limpo e lindo... na Suíça.

Não é difícil adivinhar o que aconteceu. Desde que o sistema foi implantado, no segundo semestre de 2008, nossa educadíssima população não deu mole: 56 bicicletas, mais de um terço da frota, evaporaram. Acho impressionante alguém que conheça minimamente o Rio de Janeiro ter achado que um negócio desses fosse dar certo aqui. Se a Prefeitura espalhasse 15 abacaxis de isopor pela cidade não demoraria muito para que mais da metade deles desaparecesse – mesmo não tendo absolutamente nenhuma utilidade.

O carioca médio não tem o menor zelo pelo seu patrimônio. Cabia à Prefeitura entender as limitações do seu povo e não botar bicicletas pagas com o dinheiro público de bandeja para quem estivesse precisando ganhar um dinheirinho. Tá certo que o sistema é bonito e inteligente. Mas não dá, não rola. Isso aqui é o Rio de Janeiro, uma bagunça que dá certo, e essas coisas não são feitas para lugares assim. Duvido que alguém que conheça a cidade e viu o programa ser implementado tenha pensado algo diferente de “Vai dar merda”.

Outro aspecto interessante do Pedala Rio foi seu profundo impacto na sociedade carioca. Numa cidade com 6 milhões de habitantes em que 320 mil deles utilizam uma malha cicloviária de 140 km, o número de usuários ativos do Pedala Rio era de... 450 pessoas! A pouquíssima adesão ao projeto deveu-se tanto à pouca divulgação quanto ao sistema para destravar a bicicleta e pagar a conta por usá-la. O usuário tinha que encaminhar o pedido por celular a uma central e esperar que ela destravasse o veículo. No final da trabalhosa operação, acho que se o celular do sujeito ainda não tivesse sido roubado já seria lucro.

O Pedala Rio não pegou, mas pegaram o Pedala Rio e levaram para casa. No final das contas, são os ladrões que vão ficar tristes com o fim do projeto, pois só eles e mais 450 bravos usuários utilizavam os veículos constantemente. Ao fim de um ano as bicicletas públicas viraram pó – que a essa altura já deve ter sido cheirado há muito tempo.

Um comentário:

  1. Esse post é uma grande verdade!!! Ri bastante com tudo isso também. Você devia postar aquele conto da tsunami. abraços.

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