segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bola de elite



Neste semestre o futebol brasileiro deixou de ser moleque e virou um caveira. Os sinais desta maturidade foram a contratação do atacante Luis Fabiano, do Sevilla, por R$ 20 milhões pelo São Paulo e a vinda do meia Alex, do Spartak Moscou, para o Corinthians por R$ 14 milhões. De forma inédita, clubes brasileiros repatriaram craques sem situações de exceção. Adriano, Ronaldo, Robinho, Romário, Fred e outros tops já haviam voltado, mas todos em ocasiões de quase loucura de dirigentes ou para reverterem iminente decadência. Já nos casos de Luis Fabiano e Alex foi o admirável capital dos contratantes, e somente ele, que garantiu os negócios.

A melhora nas finanças dos clubes brasileiros, evidenciada por tais contratações, tem inúmeras razões, como a melhora da economia do país, estratégias inéditas de marketing, aumento do valor das cotas de TV, etc. Porém, o que interessa aqui é a conseqüência maior disto: caminhamos para o desnivelamento técnico do Brasileirão. Creio que em pouco anos o futebol brasileiro contará com uma restrita elite que partilhará entre si os títulos nacionais, assim como ocorre nos campeonatos europeus.

A velha história, da qual nos orgulhávamos, de um Brasileirão onde todos disputavam o título era subproduto da pobreza. Pense bem: porque nos torneios europeus há uma elite? Porque há diferenciação econômica clara. Com orçamentos mais ricos, alguns clubes conseguem montar times e estruturas muito melhores, monopolizando títulos. No Brasil, como a pindaíba era geral, pequenos, médios e grandes montavam elencos semelhantes. A diferença dependia de uma geração mais virtuosa ou de um bom projeto de curto prazo, diferenciais que poderiam vir de qualquer time. Daí havia realmente um nivelamento - por baixo - e o campeão era imprevisível.

Com a revolução financeira em curso, os clubes com mais organização, torcida e tradição receberão fatias do bolo significativamente maiores que os pequenos e médios. Em curto prazo isso já resultará em times superiores com jogadores inalcansáveis à maioria dos times (tal qual Luis Fabiano e Alex). Em médio e longo prazo devemos assistir a um desnivelamento maior, resultado de investimentos em estruturas e trabalhos continuados. Com isso, se consolidará no cenário nacional uma oligarquia que em regra disputará entre si as principais competições.

Aquela história de que nos orgulhávamos, do campeonato mais imprevisível do mundo, deve acabar. Mas isso é bom, sinal de prosperidade. A vinda de Luis Fabiano e Alex faz ver que vem vindo no vento o cheiro da nova – e próspera – estação. Teremos, em poucos anos, uma tropa de elite no futebol brasileiro. E quem não se organizar? É mole, 06: Pede pra sair!